A construção da Cidade Universitária de Coimbra, levada a cabo entre 1941 e 1975, supôs uma intervenção urbana tão profunda e afirmou-se tão claramente como uma obra de regime que se torna difícil exagerar o seu significado. Ela é, a par dos tribunais, uma das melhores expressões da arquitectura de poder do Estado Novo. Nenhuma obra revela tão bem o uso propagandista do património. No entanto, observada em pormenor, deixa ver a acção por vezes desencontrada dos organismos oficiais. E a sua recepção critica sugere uma escassa capacidade de endoutrinação.
É no seio da arte totalitária que a Cidade Universitária de Coimbra melhor se compreende, mesmo nas suas aparentes contradições. O seu estudo confirma a diferenciação de modelos arquitectónicos e traz para primeiro plano as divergências existentes dentro do Estado Novo quanto à importância do nacionalismo arquitectónico e aos meios de o alcançar. O predomínio do classicismo monumental não obstou ao afloramento de modelos pseudo-vernáculos em bairros de realojamento e obras secundárias e a tardia emergência do modernismo. A estatuária, próxima da dos regimes autoritários e totalitários pelo seu estatismo, sobriedade académica e alusão à Antiguidade, permaneceu refém de um naturalismo simplificado e geralmente convencional. Os murais foram votados à consagração da História, dos heróis nacionais e do saber.
Poder da Arte, O
Autor(s)
Nuno Rosmaninho
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Editora:
Imprensa da Universidade Coimbra
Ano:
2006
Nº Páginas:
410
Peso:
0 Kg
Dimensões:
mm
ISBN:
9789728704551
Categoria(s)
Estudos Literários
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Disponibilidade:
Em Stock