Sexo de Alá, O

«Desde a minha adolescência, sempre considerei o Oriente como a pátria da volúpia, do amor e da beleza. Da suavidade da melopeia árabe e do poema persa ao esplendor das cúpulas, construí da sensualidade uma determinada ideia, mística e carnal...«Mais tarde, tornei-me jornalista e parti para explorar esse espaço, do Magrebe ao Irão: tragicamente, o sonho transformou-se em pesadelo ensanguentado. A profundeza da noite fundamentalista tinha ensombrado as árias luminosas. Vi poetas e donzelas perderem a inspiração e a vida. Vi o luto estender-se por sobre a brancura de Argel e o medo fazer murchar os jardins de Teerão. Vi, por toda a parte, a pesada e terrível obsessão sexual apunhalando o gracioso Eros oriental. Ouvi os cânticos morrendo nos lábios das mulheres, a pretexto de que as suas vozes conduziam os homens ao Inferno. Mas o Inferno era sempre a elas que estava reservado...«Quis então, perceber como foi que a pena do calígrafo cedeu o lugar à lâmina do carrasco. Como foi que o Islão dos amantes foi escorraçado do azul. afundando-se nas trevas. Como foi que as mil e uma noites do Islão se transformaram nas mil e uma mortes do Islamismo...«Este livro é o relato dessa metamorfose.»