— Sinto-me terrível. Já alguma vez pensou que algo de horrível vai acontecer, mas não sabe o que é?
Como é que as jaulas dos leões tinham ido parar ao canal, ninguém o sabia. Tal como ninguém parecia recordar-se de como é que os canais tinham ali surgido no meio de uma cidade velha que, de algum modo, caíra sob as ervas daninhas, as ervas que arranhavam todas as noites as portas, juntamente com a areia e os bocados de algas e os resquícios de tabaco dos cigarros lançados ao longo das margens, desde 1910.Mas aqui estavam eles, os canais, e no fundo de um deles, numa corrente de água de um verde escuro e escumada por óleo, os antigos vagões de circo e as jaulas, descamando a sua tinta de esmalte branco e dourado e enferrujando os seus grossos gradeamentos de ferro.Há muito tempo atrás, no início dos anos 20, estas jaulas tinham possivelmente desfilado pelas ruas, como refulgentes tempestades de Verão com animais deambulando no seu interior, leões abrindo as suas bocas e exalando hálitos quentes, cheirando a carne fresca. Parelhas de cavalos brancos arrastavam a sua pompa através de Venice e através dos campos, muito antes dos estúdios da MGM construírem as suas fachadas falsas e montarem um novo tipo de circo, o qual viveria para sempre em imagens cinematográficas.Agora tudo o que restava do antigo desfile terminara aqui.
— A morte – disse a voz por detrás de mim, – é um acto solitário.
Morte é Um Acto Solitário, A
Autor(s)
Ray Bradbury
19.90€ 17.91€ -10%
Editora:
Publicações Europa-América
Ano:
2003
Nº Páginas:
248
Peso:
0.280 Kg
Dimensões:
210x140x15 mm
ISBN:
5601072416925
Categoria(s)
Ficção Científica
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Disponibilidade:
Em Stock