Engrenagem

Escrito em 1944, Engrenagem, o segundo e último romance de Soeiro Pereira Gomes, só veio a ser publicado, pela primeira vez, após a morte do autor, ocorrida em 1949.
Tinha Soeiro a intenção, que deixou expressa no manuscrito original, de um dia vir a corrigir este livro, que, no entanto, o seu prematuro falecimento lhe não permitiu rever.
O facto de se tratar de uma obra inacabada mais vem realçar a superior qualidade artística e a forte irradiação humana desta história, que é um documento doloroso e vivo das transformações por que se passa uma aldeia de ambiente puramente rural ao impacte de uma rápida industrialização resultante da montagem de uma fábrica.
Os problemas de toda ordem se levantam, as reacções das várias personagens, os conflitos que se geram, tudo nos é transmitido, em Engrenagem, com uma sobriedade exemplar e, sobretudo, com aquele amoroso debruçar-se sobre a vida dos humildes que constitui a grande e inconfundível riqueza do escritor que nos dera, com Esteiros, o romance dos filhos dos homens que nunca foram meninos. Também esteiros se encontra já publicado nesta mesma colecção.