Peregrino

Vivi muitas vezes, Dr. Jung.
Quem sabe, como Leda posso ter sido a mãe de Helena, ou como Ana, a mãe de Maria... também fui um pastor estropiado ao serviço de Santa Teresa de Ávila; um moço de estábulos irlandês e um fabricante de vitrais em Chartres... vi a primeira representação de Hamlet e a última representação de Molière, o actor. Fui amigo de Oscar Wilde e inimigo de Leonardo... sou ao mesmo tempo homem e mulher. Não tenho idade, e não tenho acesso à morte.
No dia 15 de Abril de 1912, Peregrino é admitido na Clínica Psiquiátrica Bürgholzli em Zurique, depois de falhar, uma vez mais, uma tentativa de suicídio. Assim tem início uma batalha monumental de psique e alma entre Jung, autodeclarado cientista místico da mente, e Peregrino – o homem que não consegue morrer.
A existência de Peregrino acompanha o longo trilho da história humana; o seu passado enigmático leva-nos de Zurique nas vésperas da primeira guerra mundial e faz-nos recuar através dos séculos e até às profundezas da consciência humana. As revelações das suas vidas passadas emergem à medida que Peregrino ocupa um lugar no estimulante cortejo de ambição e desejo do romance, apresentado por uma parada excêntrica e colorida de personagens míticos, de ficção e históricos.Ao mesmo tempo íntimo e expansivo, Peregrino é um drama vital da luta permanente entre a destruição e a criação, um trabalho provocador e extremamente original de um dos mais importantes escritores do Canada.
Timothy Findley recebeu o Prémio Governor’s General para ficção, o Prémio Edgar e o Prémio Chalmers, e é o único autor que recebeu por três vezes o Prémio da Associação Canadiana de Autores, tendo sido agraciado por ficção, não ficção e teatro. Escreveu já nove romances, três colectâneas de contos, dois livros de não ficção e três peças. É Oficial da Ordem do Canadá e também Chevalier de L’ordre des Arts et des Lettres em França. Timothy Findley vive em Stratford, Ontário, e no sul de França.